sábado, 18 de agosto de 2012

Martyrs e a arte do extremismo



Vou confessar que eu não precisei pensar muito para decidir o que servir de entrada no blog. Ultimamente, a safra de filmes de terror de boa qualidade anda escassa... bem, bem fraquinha. Nada que não dê para os fãs do gênero contornarem, é claro. Se você souber como se virar nesse fantástico mundo de Bobby, as coisas vão se acertando. A tática mais fácil é flutuar entre os subgêneros, e logo nós teremos uma postagem sobre eles por aqui.

Usando essa tática, então, e estando sempre atenta às novidades da indústria, descobri uma pérola do cinema francês de 2008, e creio que alguns de vocês chegarão ao meu blog através disso.

Estava de férias na casa da minha tia, no mês passado, quando os comentários elogiosos sobre o cinema francês chegaram até mim. Bem tarde, é verdade. Ninguém é perfeito. Com trabalho e faculdade, a vida não é fácil e o tempo pouco generoso. O fato é que fiquei surpresa com a quantidade de aprovações sobre uma obra em especial, cuja história ninguém ousava revelar com muitos detalhes, temendo estragar a surpresa da próxima vítima do espectador a seguir. Vou ter o mesmo cuidado em relação a vocês, eu prometo. E caso precise lançar mão de algum spoiler, o aviso será bem grande precedendo o dito cujo.




Martyrs (Mártires)
França, começo dos anos 70.Lucie uma garota de 10 anos, esteve desaparecida por um ano quando é finalmente encontrada numa estrada, louca e desorientada, sem conseguir contar o que aconteceu.Seu corpo apesar de maltratado não tem indícios de violência sexual, então é levada a um hospital onde se afeiçoa a outra garota chamada Anna, que passa a cuidar dela e estreitar os laços de amizade para que supere a experiência traumática que viveu.15 anos depois, Lucie está completamente fora de controle, em busca dos responsáveis por todo aquele sofrimento, envolvendo Anna em acontecimentos com consequências imprevisíveis.



TRAILER:



Martyrs é um filme franco-canadense (vide wikipédia), escrito e dirigido por Pascal Laugier, responsável por duas outras obras que eu ando louca para assistir (antes mesmo de saber do seu envolvimento): The Tall  Man e Saint Ange. O filme é parte de um movimento chamado New French Extremity ou New French Extremism (Novo Extremismo Francês). Para quem ainda não conhece, aqui vai uma bela descrição encontrada no wikipédia com possíveis erros de tradução que eu não vou corrigir mas não interferem no entendimento geral: 

"(...)  Enquanto a Extremidade Nova francês refere-se a um grupo estilisticamente diversificado de filmes e cineastas, que tem sido descrito como "[a] crossover entre decadência sexual, violência bestial e psicose preocupante" [ 9 ] . O movimento Extremidade Nova francês tem raízes na arte casa e horror cinema (...)"

Em suma, esse Novo Extremismo é uma técnica de manipulação do espectador, sujeitando seus nervos às mais terríveis aflições, uma viagem pelo que pode haver de mais insuportável, tenebrosos e, muitas vezes, asqueroso do cinema gore (olha um subgênero aqui!) Aqui nós temos quantidade imensa de sangue - e outras delicinhas do gênero -, tensão gritante e níveis de tortura que chegam a incomodar. E é esta justamente a intenção do Novo Extremismo e de Martyrs. Incomodar o público. É um convite para que vivam o verdadeiro calvário pelo qual suas personagens passam - geralmente se arrastam - rumo a uma redenção que pode, ou não, chegar.

Há outra coisa sobre Martyrs que pode chocar até mesmo os que não curtem o cinema de horror - em todo o caso, acho que eles não se perderão aqui pelo nosso blog. Enfim... Martyrs tem conteúdo! Isso mesmo, ele não ofende as mentes ávidas por um roteiro são - dependendo do que você ouse chamar de são - e prontas a trucidar qualquer horror movie que não preze pelo roteiro impecável. Não vou dizer se Martyrs tem ou não um roteiro impecável - minha graduação em Cinema está a pelo menos um ano de começar - mas posso assegurar que o seu desenvolvimento não se sustenta só pelas cenas de violência gráfica. É um filme com um ponto de vista, e até uma certa lição de moral. É inteligente e capaz, sem deixar de ser perturbador ao extremo.

Portanto, eu recomendo Martyrs. E recomendo sem piedade. À todos aqueles que - como eu - se aventurarem a atravessar com Anna e Lucie essa história, boa sorte. 

E ótimos sustos.





2 comentários:

  1. Adorei este filme, foge completamente à regra e consegue chocar. Os franceses lançaram alguns filmes simplesmente fenomenais, com este à cabeça com o "A L'interieur" (Se ainda não viste não podes perder), recomendo vivamente.

    PS: Parabéns pelo Blog, dá um jeito nas cores, o azul não tá combinando ;)

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  2. Ainda não assisti sua indicação, vou procurar. Mas assisti Frontiers ontem, e não gostei muito, acho que pecou pelo excesso de clichês e se enquadraria mais no cinema americano.

    Valeu por aparecer, vou ver o que faço com o azul' até mais!

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