quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Frontier(s), tititi sem sentido

Seguindo ainda a linha do extremismo francês, criei coragem para assistir um filme que não me agradou desde os cartazes e fotos promocionais publicados.

Frontier(s), ou A Fronteira (título no Brasil), foi escrito e dirigido por Xavier Gens, o mesmo diretor de The Divide e Hitman. É um filme de 2007, e conta a história de cinco jovens da periferia de Paris, que decidem juntar dinheiro para pagar o aborto de uma amiga através de roubos. O problema é quando, no caminho da fuga, encontram um albergue de beira de estrada. 

Contra fatos não há argumentos. Com uma sinopse dessas, qualquer espectador de filmes de horror ficaria interessado. Até aí nenhuma novidade. Mas Frontier(s) tenta ser inovador, "europeu", transformando seus carrascos em CANIBAIS NAZISTAS SANGUINÁRIOS.

Isso mesmo. Canibais. Nazistas. Sanguinários. E, pessoalmente, eu acho que a combinação não funciona.











The Tall Man, mais polêmica ao redor de Laugier



Divisor de opiniões. Essa característica, por si só, já é capaz de depor a favor de um filme.

Quando procurei pelas críticas de The Tall Man, fiquei ainda mais intrigada do que ao conhecer a identidade dos seus responsáveis. Dezenas de espectadores indignados lotavam páginas, empenhados em trucidar a produção, apontando desde falhas reais (como a classificação da história no gênero de Terror) até argumentos frouxos e nonsense - perdão pela ironia -, como o ritmo menos corrido da narrativa.

Trata-se de um filme de 1:45m de duração. E eu posso afirmar, berrar e assinar embaixo, que, em nenhum momento da história, eu me senti menos estimulada. Simplesmente porque The Tall Man domina a arte de substituir as cenas de ação por uma narrativa focada, sensata e repleta de notável sensibilidade. Não que não hajam cenas de ação. Longe disso, o filme exibe muitas delas! Mas há uma preocupação evidente em centrar no desenrolo deste novelo de raciocínio lógico, onde cada explicação precede outra, outra e mais outra, até o grande clímax e o final primoroso.

Lançado em 2012, o filme de Pascal Laugier, mesmo diretor de Mártires (minha mais recente paixão gore), e com Jessica Biel no elenco, colocou um ponto de interrogação gigante na cabeça dos espectadores, acostumados desde sempre com enigmas facilmente decifráveis e resoluções tipicamente americanas.

É com prazer que digo que The Tall Man é um filme americano com ar europeu. E sem querer cair no erro de exaltar sem fundamento o material do outro lado do oceano, peço permissão para me explicar. É que com todos os ingredientes, o enredo e o contexto, o filme estaria a um passo de despencar no imenso buraco negro que é o tão comentado clichê. A começar por sua história.

Julia Denning, muito bem interpretada por Jessica Biel, é a médica da pequena cidade de Cold Rock, tendo recebido este legado de herança do falecido marido, o antigo médico do lugar. Doce e amável com seus pacientes e vizinhos, e uma mãe carinhosa para o pequeno David, ela tem sua vida virada do avesso quando o filho é sequestrado por ninguém mais ninguém menos que a lenda da cidade. O Homem Alto (daí o título curioso do filme) é o suposto responsável pelo desaparecimento de outras dezessete crianças, cujo paradeiro até o momento não foi descoberto. Entrando para as estatísticas da cidade, Julia sofre a perda do menino.

Mas nós não temos tempo de sofrer junto. Em uma reviravolta surpreendente - e de tirar o fôlego, como toda boa reviravolta deve ser -, papéis se invertem, tramas são reveladas, e novos mistérios são introduzidos no lugar dos que são revelados.

Não vou ser simpática ao ponto de vedar as falhas do filme. Existem falhas. Talvez a maior delas seja a forma como alguns por ques são respondidos, com seus personagens falando, falando e falando sobre o assunto. Talvez mais interessante fosse mostrar certas coisas em vez de dialogar sobre elas ponto a ponto. Nesse ponto o filme peca, caindo mais para o banalizado cinema de horror de Hollywood, e se afastando do europeu com seus vácuos interessantes e obscuros.

A escolha pelo estilo de narrativa também pode assustar. Lembra certos filmes based on Stephen King, especialmente no início, onde a vida em Cold Rock é colocada em relevo com suas nuances de cidade pequena. Ao meu ver, no entanto, esses detalhes prezam - com êxito nisso! - em destacar o filme no meio de uma gama de produções sempre gêmeas.

The Tall Man é o tipo de história que nos leva a pensar. E talvez por isso não tenha agradado tanto. Trata-se de um quebra-cabeças gigante, frustrando quem achar que pode levar um mistério hollywoodiano, solucionado e embalado para presente, para apreciar a distância. Este não é, de forma alguma, um filme para se apreciar a distância. Mas para se envolver. É um convite a percorrer a mente de uma cidade pequena, com todas as suas típicas neuroses e costumes - alguns simples, outros bárbaros - e tirar suas próprias conclusões sobre pessoas - as mais simples e as mais complexas. Arriscar-se a definir o que é certo e errado.

Como o próprio filme diz: não trata-se de ser bom ou mau, mas como lidar com isso.